Dia do Aparecimento de Srila Bhakti Prajnana Kesava Gosvami Maharaja

Foto de Sri Srimad Bhakti Prajnana Kesava Gosvami

Tridandi Gosvami Sri Srimad Bhaktivedanta Narayana Maharaj

Singapura, 11 de fevereiro de 2001
[No dia 17 de fevereiro de 2014 comemora-se o aparecimento de Srila Bhakti Prajnana Kesava Gosvami Maharaja. A seguir uma aula de seu discípulo Sri Srimad Bhaktivedanta Narayana Maharaj.]

Nitya-lila pravistha om visnupada Sri Srimad Bhakti Prajnana Kesava Gosvami Maharaja é o Guru de Srila Gurudeva Bhaktivedanta Narayana Maharaja. Srila Bhakti Prajnana Kesava Gosvami Maharaja apareceu neste mundo para satisfazer o desejo de seu mais querido casal Radha-Krsna, Gaura Nityananda Prabhu e Gaura-Gadadhara. Ele veio para auxiliar todas as almas condicionadas para saírem desta prisão. Nós estamos aprisionados. Todos nós. Ele veio para salvar-nos da prisão deste mundo. Quem é ele? Nosso Gurudeva é a manifestação de Jagad-guru Srila Vyasadeva. Poderíamos dizer também que ele é uma manifestação de akanda-guru-tattva Baladeva Prabhu ou de Nityananda Prabhu. Posto que Vyasadeva é o próprio Narayana, podemos certamente dizer que Sri Gurudeva é uma manifestação de Vyasadeva. Ele senta-se na vyasasana, “o assento de vyasa”, onde Vyasadeva sentava-se. Em outras palavras, ele senta-se no local em que Vyasadeva pregou as glórias do casal Radha e Krsna no mundo inteiro.


Hoje devemos glorificá-lo, glorificaremos também guru-tattva e explicaremos como guru-tattva descende de Goloka Vrndavana. Embora não tenhamos muito tempo – somente duas horas – hoje iremos explicar todas estas verdades. Eu peço a todos os oradores que falem de 15 a 20 minutos e que glorifiquem guru-tattva. Syamarani falará algo sobre guru-tattva e sobre meu Gurudeva .


[Syamarani dasi explicou como Srila Bhakti Prajnana Kesava Gosvami Maharaja derrotava os oponentes de Sri Caitanya Mahaprabhu, os quais tentaram desacreditá-lo dizendo que ele não estava na Brahma–Madhva Sampradaya. Ela concluiu dizendo que Srila Narayana Maharaja quer que seus discípulos sigam a mesma linha – pregar e derrotar as filosofias de oposição. Algumas vezes nós não pregamos porque temos receio de sermos derrotados, mas esta não é uma boa lógica. Sendo derrotados iremos entender o que temos que aprender. Srila Narayana Maharaja então comentou sobre este ponto final]:


[Srila Narayana Maharaja:] Não pense que esta filosofia de bhakti é inútil. Não pense deste modo; de outra maneira vocês ficarão muito fracos e desistirão da linha de bhakti. Estou ouvindo sobre este problema – diariamente, diariamente e diariamente. Muitos discípulos de Srila Swami Maharaja e outros estão desistindo de bhakti e ficando fracos. Eles estão deixando a consciência de Krsna e aceitando a vida familiar mundana. Por quê? É porque não conhecem esta filosofia. Vocês devem tentar saber todas estas verdades. Se vocês não as souberem agora, um dia terão que sabê-las. Poderá ser após

milhares de vidas, mas um dia, você terá que conhecer todas as conclusões dessas verdades filosóficas. Se você não quer cair, então saiba todas as verdades e argumentos filosóficos – muito, muito profundamente.


[Srila Maharaja então requisitou Sripad Bhaktivedanta Aranya Maharaja para falar. Sripad Aranya Maharaja falou vários passatempos de Srila Bhakti Prajñana Kesava Gosvami Maharaja em sua juventude, primeiro em sua vida familiar e então retratou quando ele se mudou para a matha (templo) e morou com seu Guru Maharaja, Srila Prabhupada Bhaktisiddhanta Sarasvati Thakura. Srila Narayana Maharaja comentou:]

Meu Guru Maharaja prestou tantos serviços diretos à Srila Prabhupada, como massageá-lo, e esteve sempre com ele enquanto presente neste mundo. A glória dele é como um oceano. Vocês têm ouvido aqui muitos prabhus glorificando-o, mas nós nunca poderemos completar a sua glorificação. Deveríamos saber que a espinha dorsal de krsna-bhakti é guru-nistha, fé indesviável em Sri Guru. Se alguém não tem guru-nistha, não pode ter nenhuma bhakti.


Na cultura Védica da Índia, é tradição que se deve aceitar um guru – um guru transcendental. Se ele ou ela não aceitam um guru, ninguém irá pegar qualquer alimento que eles tenham preparado. Ninguém irá igualmente beber da água que está sendo oferecida por tal pessoa – nem mesmo o seu pai ou mãe. Vocês entendem o que estou dizendo? Igualmente, se um filho ou filha está casado, se ele ou ela não aceitou um Guru, então o que eles cozinham ou oferecem não será aceito por aquela família. Primeiro, deve-se aceitar um Guru de alta classe. Então, ele ou ela podem cozinhar e realizar todos os serviços relacionados. Na tradição indiana, na cultura Védica, desde antigamente até agora, é essencial aceitar um Guru autêntico. Nos dias atuais, contudo, os ares ocidentais estão chegando à Índia, e deste modo, a Índia está rejeitando todos estes princípios. Estão especialmente rejeitando o Guru. Em vez de pensarmos: “O que é Gurudeva? Gurudeva não é nada. Não há necessidade de Gurudeva.” Minuto a minuto as pessoas estão trocando de esposas e maridos. Elas estão se divorciando muito e, por conseguinte, ninguém é feliz. Se vocês querem ser felizes, devem aceitar um Guru de alta classe, de qualificado guru-parampara (sucessão discipular). Se vocês não fizerem isso, terão que experimentar as misérias da velhice e da morte.

Quando vocês morrerem, tudo o que tenham coletado em suas vidas não poderá ser carregado com vocês. Sempre se lembrem de que a morte é certa. Ninguém pode salvá-los da morte. Que será então, destes prédios palaciais e muitas outras coisas que você juntou? Tente entender isto. Nossas vidas serão mudadas e seremos felizes para sempre através de guru-bhakti.


O que é Vyasa? A linha que toca os lados opostos da circunferência de um círculo, passando através do ponto central, é chamada diâmetro ou vyasa. Qual é o significado? Krsna é o centro de tudo. Não somente neste mundo, mas em tantos universos – centenas de milhares e centenas e centenas de milhões de universos estão neste círculo. Vyasa está tocando Krsna e está indo para todos os inumeráveis confins da existência material. Quem é Vyasa? Aquele que está pregando as glórias de Krsna para todos e ensinando a cada um: “Você deve servir Krsna, senão ninguém poderá salvá-lo desta infindável cadeia de nascimentos e sofrimentos”. Vyasa é quem está servindo sempre Krsna de um ponto para o outro – em toda parte neste mundo.


Vyasa tomou nascimento entre Mathura e Vrndavana, em uma ilha no Yamuna. Parasara Muni era seu pai e sua mãe, Srimati Matsyodhari. Parasara estava indo em algum lugar e queria cruzar o Yamuna. Ele chamou o barqueiro, mas este estava muito cansado e em vez de ir enviou sua filha adotiva. Porque sua filha tinha nascido do ventre de um peixe, emanava dela um odor piscoso, mas ao mesmo tempo ela era muito bonita. Ele pediu a ela, “Você poderia pegar o bote de travessia e auxiliar o Rsi
Parasara?” Mandada pelo pai, Matsyodhari pegou o bote e disse a Parasara, “Você pode vir. Eu o levarei para o outro lado.”

Quando ela estava distante da ilha no meio do Yamuna, Parashara contemplou-a. Subitamente ela engravidou e, naquele momento deu a luz a um rapaz de dezesseis anos, muito alto, belo e de pele escura. Quem era ele? Vyasa. Ele veio pela misericórdia de Krsna através de Parashara, mas ele era verdadeiramente Narayana. Deste modo, imediatamente ele renunciou este mundo. Após algum tempo ele dividiu os Vedas em quatro – Rg Veda, Sama Veda, Yajur Veda e Atharva Veda. Posteriormente, ele escreveu a essência de todos os Vedas, chamado Brahma Sutra, Sariraka sutra ou Vedanta sutra. Depois ele escreveu trinta e seis tipos de Puranas: Puranas, Upa Puranas e Sakha Puranas. Então para todas as pessoas: mulheres, sudras e todos àqueles que sempre se lamentam e que estão enredados em intoxicações mundanas, ele escreveu o Mahabharata; dentro dele, que é semelhante a uma jóia, há o Gitopadesa. Anterior a este ele deu autoria ao catura-sloki Bhagavatam, o qual Narada recebeu de Brahma. Até então Vyasa não havia compilado o Srimad Bhagavatam, e assim não estava satisfeito com sua vida. Narada veio a ele e perguntou: “Por que você está tão transtornado?” Vyasadeva respondeu, “Gurudeva, eu não sei.”


Narada então lhe disse, “Você não glorificou Krsna e os seus passatempos de Vrndavana e você não discutiu como as gopis e todos os Vrajavasis O servem. Você deveria glorificá-lo, especialmente Seus devotos, Suas preyasis, as gopis, e Sua amada Radhika”. Assim, Vyasadeva viu todos os passatempos de Krsna e seus associados em seu transe, e então escreveu o Srimad Bhagavatam e tornou-se feliz. A essência, por conseguinte, de toda literatura Védica – Upanisads, Puranas e Bhagavatam – é Vraja-prema ou gopi-prema e, especialmente o amor e afeição de Srimati Radhika, que controla Krsna e sempre O mantém em Seu coração.

Um Guru pode dar estas verdades; de outra maneira não é possível entendê-las. De outra forma não poderemos conhecer todas estas verdades – todas estas misteriosas verdades. Um Guru dá tudo para um sisya (discípulo), para que ele possa ser feliz. Vocês sabem que Ravana tinha muita opulência e muitos lakhs e lakhs (milhares e milhares) de servos que moravam em palácios feitos de ouro e de jóias. Todos os tipos de opulências estiveram presentes em Lanka e lá não havia pessoas pobres. Ravana tinha dez bocas e dez cabeças, vinte olhos, vinte orelhas e tinha conquistado o mundo todo. Mas ele não era feliz. Ele não podia controlar seu coração, sua mente e sua luxúria. Portanto, quem é a pessoa mais grandiosa e mais forte? Aquela que pode controlar seus seis impulsos:


vaco vegam manasah krodha-vegam

jihva-vegam udaropastha-vegam

etan vegan yo visaheta dhirah

sarvam apimam prthivim sa sisyat


[“Uma pessoa sóbria que pode tolerar o impulso da fala, as exigências da mente, as ações da ira, os impulsos da língua, estômago e genitais é qualificada para fazer discípulos no mundo inteiro.”]


Se alguém não pode controlar sua raiva, palavras, língua e mente, não pode fazer qualquer coisa para ajudar a si próprio. Vocês conhecem aquele ex-presidente da América… Ele era tão famoso e tinha uma personalidade muito forte, mas não pôde frear seu coração e se envolveu com uma moça do quadro governamental.


Tais pessoas não podem fazer qualquer coisa produtiva. Portanto, se você quer ser feliz neste mundo, tente seguir Vyasadeva – tente seguir um Guru verdadeiro. Antes de escrever o Srimad Bhagavatam, Vyasa fez quatro discípulos: Paila, Sumanta, Jaimini e Vaisampayana; ele treinou cada um deles em um dos quatro Vedas. Especialmente no sul da Índia, os Vedas, Upanishads e sastras Sânscritos são seguidos. Nos dias atuais, contudo, especialmente aqueles que saem da Índia, tem gradualmente deixado suas tradições.Alguma coisa está em seu sangue; eles acreditam em Deus, mas tem deixado

todas as diretrizes religiosas e, em vez disso, tem comido carne, ovos, consumido vinhos e assim por diante. Eles não podem controlar os seis impulsos.

Entendendo o futuro, Vyasa deu um Veda para cada um de seus quatro discípulos e deu o Mahabharata e Puranas para Ugrasrava Suta. Vyasa serviu seu gurudeva. Ele seguiu os ensinamentos de Narada e pregou as glórias do casal Radha-Krsna em todo lugar. Isto é guru-bhakti, a tradição do guru e a supremacia do amor de Krsna e Radha e afeição pelo mundo inteiro. Isto é Vyasa. Um discípulo é aquele que pode servir seu Gurudeva mais do que sua própria vida e alma. Ele não é um discípulo que está satisfeito com o pensamento: “Ó, Gurudeva deu-me um nome”, mas não canta, não realiza nada e especialmente não está seguindo os princípios de Sri Caitanya Mahaprabhu, os quais são a essência de todos os Vedas:


trnad api su-nicena taror api sahisnuna

amanina manadena kirtaniya sada harih


[“Deve-se cantar os Santos Nomes do Senhor com a mente num estado de humildade, pensando ser mais baixo que uma palha na rua; devendo ser mais tolerante que uma árvore, destituído de todo senso de falso prestígio e pronto para oferecer respeito aos outros. Em tal estado mental pode-se cantar os santos nomes do Senhor constantemente.”]


Se você quer ser um discípulo de um Guru, deve ser tolerante. Se você não tem tolerância, então quando um mosquito vier, você irá fazer uma bomba de hidrogênio para matá-lo. Você pensará: “Como devo salvar-me disto?” Dia e noite inteiros você pensará sobre isto e krsna-bhajana irá desaparecer. Manter e proteger nossa vida é essencial, mas por que isto é essencial ? Não é para vivermos como cães e porcos. Se qualquer um está gastando seu tempo inteiro em manter-se, ele é como um cão ou

outro tolo animal. Estes animais podem fazer mais do que você. Vocês ficam muito apreensivos por causa de uma criança, mas os cães podem ter quinze ou dezesseis. Duas vezes no ano eles podem ter muitas crias e há outros animais que podem ter ainda mais do que isto. Então, não pense você que é mais evoluído do que os animais por isto, ou que você é tão inteligente. Não. Eles são mais inteligentes do que você. Se você quer ser verdadeiramente inteligente, sempre se lembre de sua morte e da sua velhice. Sempre se lembre de que você não pode levar nada consigo na hora da morte, e se não está fazendo bhajana, será esmagado por maya – completamente esmagado. Então irá se lamentar: “Por que não fiz bhajana? Eu fracassei.” Vyasa escreve:


labdhva sudurlabham idam bahu-sambhavante

manunyam arthadam anityam apiha dhira

turnam yateta na pated anumrtyu yavan

nihsreyasaya visayah khalu sarvatah syat


[“Após muitos nascimentos nós alcançamos este corpo na forma humana, portanto, antes da morte, nós deveríamos nos engajar no transcendental serviço amoroso do Senhor. Esta é a realização da vida humana.”]
O principal objetivo da vida humana é tentar de uma vez, imediatamente, realizar quem é a Suprema Personalidade de Deus. Deveríamos realizar, “Quem sou eu? Eu não sou este corpo.” Este é o ensinamento de Vyasa.

sa vai punsam paro dharmo

yato bhaktir adhoksaje

ahaituky apratiha

yayatma suprasidati


[“A suprema ocupação (dharma) para toda a humanidade é aquela pela qual os homens podem alcançar o serviço devocional amoroso ao Senhor transcendental. Tal serviço devocional deve ser imotivado e ininterrupto para completamente satisfazer o Eu.”] O propósito desta vida é servir a Suprema Personalidade de Deus, Krsna, como declarado nestes dois slokas que foram pregados extensamente por meu Guru Maharaja:


aradhyo bhagavan vrajesa tanayas tad dhama vrindavanam

ramya kacid upäsanä vrajavadhu vargena ya kalpita

srimad-bhagavatam pramanam amalam prema pumartho mahan

sri caitanya mahaprabhor matam idam tatradarah nah parah


[“Bhagavan Vrajendra-nandana Sri Krsna é nosso único objeto adorável. Da mesma maneira que Ele é adorável, assim também é Sua morada transcendental, Sri Vrndavana Dhama. O humor no qual as jovens donzelas de Vraja (as gopis, especialmente Srimati Radhika) adoram-no é a forma mais elevada de amor por Deus. O Srimad Bhagavatam é a evidência escritural disso (sabda-pramana) e krsna-prema é o objetivo supremo da vida (a quinta e mais elevada meta da vida humana – além da religiosidade mundana, desenvolvimento econômico, gratificação dos sentidos e liberação impessoal). Esses são os ensinamentos de Sri Caitanya Mahaprabhu (gaura-vani). Adotamos essa conclusão (siddhanta) com respeito supremo e não possuímos qualquer inclinação ou respeito por outra conclusão ou opiniões enganadoras.”]


amanayaha praha tattavam harim iha paramam sarva saktima rasabdhima

tata bhinansansa ca jivan prakritir kavalitan tada vimuktansa ca

bhavada

bhedabheda prakasam sakalampi harch sadhanam sudha bhaktim

sadhayam tata pritim eva iti upadesayati janan gauracandra savayam

saha


[“O conhecimento autorizado dos Vedas recebido através de sucessão discipular autêntica, estabelece as verdades fundamentais:

1. Hari é a Suprema Verdade Absoluta.

2. Ele é onipotente.

3. Ele é o reservatório de todas as doçuras.

4. As entidades vivas são partes e parcelas Dele.

5. A alma condicionada está coberta por maya.

6. As almas liberadas estão além da influência de maya.

7. A totalidade da manifestação cósmica é simultaneamente uma e diferente Dele.

8. Suddha-bhakti é o único meio para alcançar amor a Deus.

9. A meta é alcançar amor a Deus.

Tais ensinamentos foram instruídos pelo próprio Senhor Gauracandra.”]


Se alguém está indo neste caminho, será muito. Ninguém será capaz de impedir sua felicidade. Hiranyakasipu era como uma pessoa imortal. Ele tinha muita opulência. Ele controlou Vayu, o deus do ar, Indra e todos os outros semideuses e semideusas, mas não podia encontrar a felicidade. Um novo ser – metade homem e metade animal – surgiu e num momento arrancou seus intestinos. Se você não segue este ponto fundamental, então dia e noite irá somente pensar: “Dinheiro, dinheiro, dinheiro.” E após a morte você se tornará dinheiro. Realize isto. É para dar esta mensagem para vocês que estamos aqui. Viemos para dizer que vocês deveriam sempre se lembrar de sua morte e também de Vyasadeva.


Especialmente aqueles entre vocês que são indianos, deveriam lembrar do lugar do qual vieram. A Índia foi conhecida anteriormente como Bharata. Qual é o significado de Bharata? “Bha” significa iluminação ou luz. Que luz é esta? Tattva-jnana. Vocês vêm da terra onde Narada Rsi, Brahma, Sankara e todos os acaryas estiveram presentes. O conhecimento transcendental está em todo lugar em Bharata. Venho para auxiliá-los. Não esqueçam este conhecimento. Você pode fazer algum dinheiro para sua subsistência, mas qual é propósito de manterem-se? É para seguir os ensinamentos de Srila Vyasadeva.


Em relação a Vyasadeva, há quatro personalidades que fundaram as quatro sampradayas: Brahma, Rudra, Sri e Sanaka. Deles vieram os quatro sampradaya-acaryas: Madhva, Visnu Swami, Ramanuja e Nimbaditya, respectivamente, e eles todos fizeram comentários do Vedanta-sutra ou Brahma-sutra. Sri Sankaracarya escreveu uma explicação do Brahma-sutra chamada Sariraka-bhasya ou Brahma sutra-bhasya e sua filosofia foi conhecida como advaitavada ou kevaladvaita-vada. Ele declarou que Brahma não tem forma, e Ele é avyakta-anadi. Ele não tem sakti, poder. Ele não tem visesa, qualidade, e, portanto, Ele é o nivisesa-brahma. Sankaracarya deu todas estas idéias negativas, mas ele não deu nenhuma explicação positiva. Ele disse de Brahma, satya jagan mitya: o mundo inteiro é falso, e somente Brahma é verdadeiro – mas Brahma não tem poder. Não há nada nele. A filosofia de Sankaracarya foi, portanto, chamada advaita-vada ou mayavada. Após Sankaracarya, Ramanujacarya veio e derrotou todos estes argumentos. Ele instruiu que estas não eram idéias dos Vedas.


Essas idéias são contrárias aos princípios védicos. Não deveríamos seguir isto. Somente demônios podem seguir estas idéias. Nenhuma pessoa com conhecimento védico pode aceitar que a Suprema Personalidade de Deus não tenha forma, nem atributo, nem poder, nada. Ramanuja contestou todos os argumentos de Sankaracarya e chamou sua filosofia de visista-advaita-vada (monismo específico).

Há lakhs e lakhs de jivas e há lakhs e lakhs de mundos. A Suprema Personalidade de Deus possui atributos. Inumeráveis jivas vêm dele e este mundo também veio dele. A Suprema Personalidade de Brahma existe junto deste mundo e das jivas. Qual era a abidheya, a prática descrita pela filosofia de Ramanuja? Era bhakti. Qual era a prayojana, a meta? Era o serviço aos pés de lótus de Narayana. Ramanuja aceitou a forma de Narayana, Seus atributos, Seu poder e também Sua bhakti. Ele rejeitou a

filosofia mayavadi de advaita-vada. Após Ramanuja veio Madhvacarya. Ele estabeleceu uma incontestável parte dos Vedas, e sua filosofia é chamada visuddhadvaita ou dvaitadvaitavada. Neste entendimento filosófico há cinco diferenças.


(Dirigindo-se a Sripad Aranya Maharaja): Você deveria explicar as cinco diferenças.


[Sripad Aranya Maharaja:] Madhavacarya estabeleceu a filosofia que há uma diferença entre Brahma e maya; entre jiva e maya; entre jiva e jiva e manifestações diferentes de maya e maya. Estes cinco tipos de diferenças são chamados dvaitavada.


[Srila Narayana Maharaja:] Sua prática era bhakti e seu prayojana era o serviço ao Supremo Senhor na forma de Vasudeva. Qual Vasudeva? Aquele que tem um bastão de bater manteiga em sua mão. Esta forma foi aceita por Sri Caitanya Mahaprabhu. Após Madhava veio Nimbarka ou Nimbaditya e sua filosofia era visudha-vedaveda, mas svabhavika (natural). Ele pregou que brahma havia se transformado, e desse brahma que o mundo inteiro está vindo. Brahma é único, mas ainda há muitas jivas e muitos associados, como seu pai e mãe. Sua morada, dhama está lá, mas como uma transformação de Brahma.


Caitanya Mahaprabhu não gostou disto. Ele pegou a essência de todos os Vedas – não somente parte dos Vedas. Ele pegou completamente os humores da essência dos Vedas, sarvavesa-bhava dos Vedas, e descobriu acintya- abhedabhedatattva. Não é diretamente de Krsna que este mundo e as jivas vêm, e sim de Sua energia. Isto é chamado de sakti-parinama-vada, transformação de sakti, energia. Caitanya Mahaprabhu adotou esta filosofia porque é afirmado que todas as coisas não vêm do próprio Krsna, mas do poder de Krsna. Deste modo, Caitanya Mahaprabhu derrotou os argumemtos bhedabheda svabhavika de Nimbarka e fundou acintya-abhedabheda. Não podemos imaginar esta verdade pela especulação de nossa mente. Podemos somente ter compreensão através de palavras ou dos Vedas – por amnaya, a literatura Védica aceita por nosso guru-parampara. Ele estabeleceu o serviço de Radha-Govinda, Radha-Gopinatha e Radha-Madana-Mohana. Qual era o sadhana, a prática? Aquela que inicia com vaidhi bhakti e então muda para raganuga–bhakti. Pela prática alguém pode alcançar Vraja-prema, e esta é a suprema meta da vida. Se alguém aceita esta prática ou meta, está na linha de Vyasa. Devemos tentar realizar tudo isto. De alguma maneira você deve saber a essência de krsna-bhakti, aquela bhakti que Caitanya Mahaprabhu trouxe de Goloka Vrndavana – gopi prema. Esta é a meta de nossa vida. Se nós aceitamos isto, então nosso Vyasa puja está completo.


Os seguidores de Sankaracarya “adoram” Vyasa, mas eles não o seguem. Eles dizem que Vyasa era ignorante porque ele escreveu que Brahma é anandamaya-bhyasa, bem-aventurado. Os seguidores de Sankaracarya rejeitam isto. Eles dizem que Brahma é bem-aventurança (beatitude), mas ele não é bem-aventurado. Em outras palavras ele não é uma pessoa. Isto não é serviço para o Guru. O discípulo deve obedecer a seu Gurudeva e serví-lo. Servir Gurudeva externamente por adoração e ao mesmo tempo cortar seus argumentos e ensinamentos não é obediência ou serviço de um discípulo, Ainda assim, Sankaracarya fez isto.

Por que ele fez isso? Porque Narayana ordenou a ele desta maneira, para salvar a si mesmo da perturbação de demônios, os quais vinham até ele em nome de bhakti, mas na verdade queriam satisfazer seus próprios desejos. Narayana disse a Sankaracarya: “Você deve pregar neste mundo, Você é Brahma-Aham brahmasmi. Sarvam kalvidam Brahma. Tat-tvam-asi.”


Há muitas coisas para discutir, mas de alguma maneira tente saber isto: se você quer ser feliz neste mundo, então aceite um Guru de alta classe, transcendental, que conheça o Gita, o Bhagavatam, os Puranas e Veda sastra, que pode remover todas as dúvidas e que, praticamente canta harinama sankirtana seguindo trinad api sunicena taror iva sahisnuna. Ele pratica bhakti como recebeu de Vyasa, Narada e todos os outros mestres espirituais autênticos. Ele serve e glorifica seu Gurudeva através do mundo, como vemos na vida de Srila Bhaktisiddhanta Sarasvati Thakura, Srila Bhaktivinoda Thakura, Srila Bhaktivedanta Swami, e assim por diante. Se você segui-lo, poderá ser feliz.

Gaura Premanande Hari Hari Bol !

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